S.Sebastião da Geira,1 de junho de 2008
Ave!
Cantavam ainda os galos ,anunciando o levantar da aurora,já os guerreiros aprestavam as armas para as árduas batalhas que neste dia se travariam .
Assim foi . Descansava o cônsul romano nas termas de Aquas Calidas (Caldelas),refazendo as forças das refregas que nos últimos dias tivera com os
povos autóctones nos arrabaldes de Bracara Augusta,quando o mensageiro o adverte de que a vitoriosa Sétima (Legião)se defronta com novas investidas por alturas da XXVII milha .
Hordas de guerreiros brácaros internaram-se pela Via Nova (que liga Bracara Augusta a Asturica Augusta)e atacaram ao primeiro alvor a Sétima que
descansava em Campus Romanus .
Privados do seu comando e mal refeitos da surpresa,tentaram a retirada para Terras Bourensis.
E é aí que se decide a batalha !
Bandos de povos durienses fortemente armados internam-se na via Antonina e castigam a rectaguarda da Legião.Pressionados de todos os lados,os centuriões ordenam a fuga pelas montanhas deixando a Via livre aos exércitos de Brácaros e Durienses .
Acossados pelas populações dos castros,o que restou da vitoriosa Sétima refugiou-se na Gallecia,em Lobius Caldus .
Deixando uma guarnição de segurança em Portela Hominis ,na milha XXXIV,os comandantes Brácaro e Duriense aquartelaram os seus homens em Geresius,
onde uma noite não chegou para as celebrações da vitória...
( excerto de Gesta antiga dos povos do Gerês)
Como os nossos maiores,também nós ,ainda mal o galo afinava o canto,abandonávamos os quentes braços das nossas amadas e acorriamos à chamada para as batalhas da montanha .
Era uma manhã de sol e os sinos repicavam o desespero e a urgência de congregar as gentes para a luta.
Ao sinal de partida,iniciamos a conquista da montanha que nos desafiava.
Nos primeiros momentos logo se destacou um bravo
guerreiro,Sousa energicus de seu nome,que durante largo tempo assumiu a dianteira da corrida .
No pelotão da frente,Ribeirus rapidus galgava milhas como se perseguisse os restos do exército romano.
Mais atrás,o infortúnio batia à porta de Lidius manhosus: uma importuna lesão não lhe permitia mostrar à montanha as suas virtudes de rolador .
Corríamos a meia encosta ,perante paisagens de
deslumbramento.
Era de encher o olho e lavar a alma !
Como cronista do evento,umas vezes atrás,outras mais à frente,tirando aqui uma foto,parando ali absorto,corria Abilius habilis em passo atento e
regular.
Ouviam-se de longe a longe gritos e incitamentos :
"Lidius! Sousas!"
Passavam por nós os marcos miliários ...
Num intervalo da refrega,indicam-nos que estamos
na milha XXIII:faltavam só 4 milhas,o mesmo é dizer ,6 Km.
Ganhamos asas nas pernas durante largos minutos.
Mas era óbvio que o cansaço começava a causar estragos : Lidius reclamava ajuda ,Sousas disfar-
çava mal tanto sofrimento.
Felizmente que a honra estava salva pelo Ribeirus,
que corria como lebre à frente do galgo.
A dada altura,reclamam os serviços de alguém entendido em mulheres : uma linda donzela com cujo
traseiro várias vezes nos cruzáramos ,manquejava
sofredoramente.Sempre condoido da dor alheia,inda-guei a razão do sofrimento.Eram os gémeos!
Sentei-a e manipulei com a arte que Deus não dá a todos aqueles tenros músculos.
Massajei uma e outra perna(há quanto tempo,Deus meu!,não massajava pernas tão delicadas)e vi de
imediato pelo sorriso que já melhorava,que sabia estar em boas mãos,que se sentia feliz.
Vi naqueles olhos que uma dor benfazeja lhe subia
pelas coxas... mas o irmão estava ao lado!
Atravessamos Covide e aguentando todo o peso do mundo atingimos S.João do Campo(milha XXVIII).
Acabáramos . Maravilhoso dia!
Prometemos que a 7 de Junho de 2009 lá estaremos
trajados de patrícios romanos.
No fim de almoço,regressamos por uma estrada além
barragem de Vilarinho das Furnas,de onde se desfrutam paisagens do mais belo que a montanha nos oferece .
Íamos conquistar a montanha e foi ela ,na sua beleza rude ,que se apossou de nós .
Um abraço
Abilio Machado
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